“EM TODA A SABEDORIA E PRUDÊNCIA”
“Que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra” (Ef 1.8-10)..
O apóstolo
Paulo agora traz a lume a causa formal,
ou seja: a pregação do evangelho, por meio da qual a bondade de Deus flui para
nós. Porque, por meio da fé, Cristo nos é comunicado, através de quem chegamos
a Deus, e através de quem usufruímos os benefícios da adoção. Ele dá ao
evangelho os magnificentes títulos de sabedoria e prudência, a fim de que os efésios
pudessem desprezar todas e quaisquer doutrinas contrárias. Os falsos apóstolos
cultivavam a pretensão de ensinar algo ainda mais sublime dos que os rudimentos
que Paulo transmitia. E o diabo, a fim de solapar nossa fé, tudo fazia para
desacreditar o evangelho até onde lhe fosse possível. Paulo, ao contrário,
solidifica a autoridade do evangelho, para que os crentes possam descansar nele
com segurança. “Toda a sabedoria” significa a plena ou perfeita sabedoria.
Visto que a
novidade assustara alguns, o apóstolo trata com o erro por bastante tempo, e
chama essa novidade de o segredo da
vontade divina, e, no entanto, um segredo que a Deus aprouve agora revelar.
Como anteriormente atribuíra a eleição deles ao beneplácito de Deus, assim
também agora faz com sua vocação, para que os efésios pudessem reconhecer que
Cristo tornou-lhes conhecido e lhes fez conhecido o evangelho que lhes fora anunciado,
não porque merecessem alguma coisa, mas porque a Deus aprouve fazê-lo.
Tudo fora
sábia e adequadamente planejado. O que pode ser mais justo do que seus
propósitos, os quais estão ocultos dos homens, e que são conhecidos somente de
Deus, enquanto ele queira guardá-los só para si mesmo? Ou, de outra forma,
estaria em sua própria vontade e poder predeterminar o tempo em que esses propósitos
seriam conhecidos aos homens? Portanto, o apóstolo Paulo está dizendo que o
decreto que se encontrava na mente de Deus, de adotar os gentios, esteve oculto
até agora; todavia, de maneira tal, que ele o mantivera em seu próprio poder
até ao tempo da revelação. No caso de alguém perguntar por que um tempo e não outro foi
selecionado, o apóstolo antecipa tal curiosidade, denominando o que fora designado
por Deus de “na plenitude dos tempos” - o tempo
pleno e apropriado, como temos em Gálatas 4.4. Que a presunção humana se
reprima, e, ao julgar a sucessão dos eventos, que ela se curve ante a
providência de Deus. A palavra “dispensação”
aponta na mesma direção, porquanto a perfeita administração de todas as coisas
depende do juízo divino.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
Nenhum comentário:
Postar um comentário