"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



terça-feira, 23 de janeiro de 2024

“SEGUNDO O PRÍNCIPE DA POTESTADE DO AR”


“SEGUNDO O PRÍNCIPE DA POTESTADE DO AR”

“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.1,2).

O apóstolo Paulo avança mais e explica que a causa da nossa corrupção deve ser encontrada no domínio que o diabo exerce sobre nós. Não se pode pronunciar uma condenação mais severa sobre a humanidade! O que ele nos deixa, quando declara que somos escravos de Satanás e submissos à sua vontade, enquanto nossas vidas se mantêm excluídas do reino de Cristo? Nossa condição, portanto, ainda que muitos vivam satisfeitos com ela (ou, pelo menos, pouco desprazerosos), deve, naturalmente, causar-nos horror. Onde, pois, está o livre-arbítrio, o governo da razão, a virtude moral, acerca dos quais muitos defendem? O que encontrarão tão puro ou santo sob a tirania do diabo? Astutamente, porém, se fazem em extremo cuidadosos ao abominarem esta doutrina como sendo a pior heresia de Paulo. Digo, porém, que não há nessas palavras nada obscuro, e que todos os que vivem segundo o curso do mundo, ou seja, segundo as inclinações da carne, batalham sob o comando de Satanás.

Como os filhos de Deus possuem uma Cabeça, assim também os ímpios; pois cada grupo forma um corpo. Portanto, Paulo atribui à primeira o domínio sobre todo o mal, assim como a segunda tipifica a plenitude da impiedade. Não há nesta passagem a defesa de dois princípios, como se Satanás pudesse realizar algo contra a vontade Deus. Paulo não lhe concede o supremo governo, o qual pertence exclusivamente à vontade de Deus, a não ser que lhe atribui aquela tirania cujo exercício procede da permissão divina. O que é Satanás senão o verdugo de Deus para punir a ingratidão humana? Isso se encontra implícito na linguagem de Paulo, porquanto afirma que ele é poderoso somente em relação aos incrédulos, e assim isenta os filhos de Deus de seu poder destruidor. Se tal coisa procede, então presume-se que Satanás nada pode fazer senão aquilo que lho permite a vontade de um superior, e que ele não é autônomo.

Não obstante, ao mesmo tempo deduzimos que os ímpios não têm justificativa alguma de que são obrigados por Satanás a cometerem todos os seus crimes. Como concluir que se encontram sujeitos à tirania do diabo, senão pelo fato de serem rebeldes contra Deus? Se ninguém mais é escravo de Satanás senão aqueles que quebram o jugo divino e que se recusam a devotar obediência a Deus, então que se considerem responsáveis por preferirem um senhor tão cruel.

Pela cláusula, filhos da desobediência, o apostolo quer dizer, de acordo com o costume hebreu, os obstinados. O incrédulo vive associado com a desobediência; de modo que ela é a fonte e mãe de todos os obstinados.

Deus nos abençoe.

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

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