“DESIGNADO PREGADOR, APÓSTOLO E MESTRE”
"Para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e e mestre" (2Tm 1.11).
O apóstolo Paulo tem boas razões para recomendar o evangelho de uma forma tão sublime juntamente com o seu próprio apostolado. Satanás trabalha muito mais do que imaginamos para banir de nossas mentes, por todos os meios possíveis, a fé na sã doutrina; e visto que nem sempre é fácil fazer isso através de um franco ataque à nossa fé, ele se arma contra nós secretamente e pelo uso de métodos indiretos; e a fim de destruir a credibilidade do correto ensino, ele desperta suspeitas acerca da vocação dos santos e mestres. Por isso Paulo, tendo a visão da morte ante seus olhos, e conhecendo bem as tramas bem articuladas de Satanás, determinou asseverar tanto o ensino do evangelho em geral quanto a necessidade de sua própria vocação. Ambas as coisas eram necessárias, pois ainda que apresentemos longos discursos acerca da dignidade do evangelho, os mesmo não nos seriam de muito valor, a menos que compreendamos o que o evangelho significa. Muitos darão seu assentimento ao princípio geral da autoridade indiscutível do evangelho, e não obstante ainda não terão nenhuma ideia definida do que se comprometeram seguir. Eis a razão por que Paulo deseja ser explicitamente reconhecido como fiel e legítimo ministro dessa doutrina vivificante, da qual ele estava justamente trazendo-lhes à memória; eis por que ele descreve a si próprio com os títulos de pregador, apóstolo e mestre. Ele se denomina de pregador [arauto], cujo dever é fazer públicos os decretos dos príncipes e magistrados. O título, apóstolo, lhe pertence de forma restrita; e visto que há uma relação especial entre um mestre e seus alunos, ele se descreve lançando mão desse terceiro título, para que os que aprendem dele saibam que têm um mestre designado por Deus mesmo.
E para quem Paulo diz
que fora designado? Para os gentios - pois o cerne da controvérsia eram eles,
visto que os judeus negavam que as promessas de vida se aplicassem a alguém
mais além dos filhos de Abraão segundo a carne. Portanto, a fim de que a
salvação dos gentios não fosse posta em dúvida, o apóstolo declara que fora
enviado especificamente por Deus para ministrar a eles.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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