“PORQUE SEI EM QUEM TENHO CRIDO”
“E, por isso, estou
sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho
crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até
aquele Dia” (2Tm 1.12).
Eis aqui o único
refúgio para onde todos os crentes devem fugir quando o mundo os condena como
perdidos e infelizes, ou seja, que devem ter por suficiente o fato de poderem
contar com a aprovação divina; pois o que seria deles caso depositassem nos
homens sua confiança? Desse fato devemos inferir que há grande diferença entre
a fé e a mera opinião humana. A fé não depende da autoridade humana, tampouco é
uma confiança hesitante e dúbia em Deus; ela tem de estar associada ao
conhecimento, do contrário não será bastante forte contra os intermináveis
assaltos que Satanás lhe faz. O homem que, como Paulo, possui tal conhecimento
saberá de experiência própria que nossa fé é corretamente chamada “a vitória
que vence o mundo” [1Jo 5.4), e que Cristo tinha boas razões para dizer que “as portas do inferno
não prevalecerão contra ela” [Mt 16.18]. Tal homem será capaz de repousar
tranquilamente mesmo em meio às tormentas e tempestades deste mundo, visto que
alimenta uma confiança inabalável de que Deus, que não pode mentir ou enganar,
falou, e o que ele prometeu, certamente cumprirá. Por outro lado, o homem que
não tem essa verdade indelevelmente gravada em sua mente será sempre movido de
um lado a outro como um arbusto agitado pelo vento. Esta passagem merece nossa
detida atenção, pois ela explica de uma forma
muitíssimo excelente o poder da fé, quando demonstra que, mesmo em casos
extremos, devemos glorificar a Deus por não duvidarmos que ele se manterá
verdadeiro e fiel e por aceitarmos sua Palavra com a mesma certeza como se Deus
mesmo surgisse do céu diante de nós. O homem carente de tal convicção nada
entende. É preciso que tenhamos sempre em mente que Paulo não está a filosofar
no escuro, senão que, com a própria realidade diante dos olhos, está
solenemente declarando o grande valor daquela confiante certeza da vida eterna.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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