“ATÉ QUANDO CONTINUAREIS A FAZER DANO A UM HOMEM?”
“Até quando
continuareis a fazer dano a um homem? Sereis mortos todos vós; sereis como um
muro encurvado e uma sebe prestes a cair?” (Sl 62.3).
O sentido da passagem bíblica parece ser este: Até quando maquinareis o mal contra um homem e persistireis em
danosas maquinações para concretizardes sua ruína? Davi tem em vista a malícia
obstinada de seus inimigos, movendo cada pedra para sua destruição e delineando
diariamente novos planos para alcançarem seus objetivos. A instrução a ser
apreendida de sua experiência consiste em que devemos exercer a paciência,
mesmo quando nossos inimigos revelem incansável crueldade em seus intentos de
destruir-nos, e sejam instigados pelo diabo a incessantemente criar artifícios
para nossa perseguição. Apenas chamamos a atenção para o significado da figura
que se adiciona. Alguns [intérpretes] creem que os perversos são comparados a
um muro inclinado em virtude de o mesmo a todo instante ameaçar vir abaixo; e eles
[seus inimigos], em todos os pecados que cometem, tendem mais e mais vir
abaixo, até que sejam precipitados na destruição. Mas tudo indica que a alusão
era a algo um pouco diferente. Um muro, quando mal construído, cria uma
protuberância no centro, aparentando ser quase duas vezes sua altura real; ao
formar, porém, uma concavidade, logo se transforma num monte de ruínas. Os
perversos, de igual modo, se dilatam com a soberba e assumem, em suas
maquinações, uma formidável aparência. Davi, porém, prediz que seriam
conduzidos a uma inesperada e completa destruição, como um muro mal construído;
e sua falta de consistência interior o faz cair com um súbito estrépito, e com
seu peso se quebra em mil pedaços. A palavra que traduzi por uma sebe [cerca], significa propriamente uma cerca construída com
materiais leves e de má qualidade, Estejamos certsos, por mais altaneiros nossos inimigos pareçam
ser, e por mais soberbas e bombásticas sejam suas denúncias contra nós, serão
súbita e estrondosamente destruídos, como um muro esmagado.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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