"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



segunda-feira, 26 de agosto de 2024

“CERTAMENTE RETRIBUIRÁS A CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS”


“CERTAMENTE RETRIBUIRÁS A CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS”

“A ti também, Senhor, pertence a misericórdia; pois certamente retribuirás a cada um segundo as suas obras” (Sl 62.12).

O salmista adiciona: Certamente retribuirás a cada um segundo as suas obras. E aqui Davi apresenta o que disse para ter ainda mais perto o ponto que estabeleceria, declarando que o Deus que governa o mundo por sua providência o julgará com justiça. A expectativa disto, devidamente apreciada, terá um feliz efeito na disposição de nossa mente, acalmando a impaciência e restringindo qualquer disposição ao ressentimento e retaliação em face de nossas injúrias. Ao colocar a si e aos outros diante do tribunal de Deus, ele anima seu coração na esperança daquele livramento que era iminente e se convence a desprezar a insolente perseguição de seus inimigos, ao considerar que toda obra humana terá que entrar em juízo diante daquele que, para cessar de ser Juiz, teria que negar-se a si mesmo. Podemos, pois, descansar seguros, por mais graves sejam nossos erros, ainda que os ímpios nos considerem o lixo e o refugo de todas as coisas, que o Deus que é testemunha do que sofremos se interporá no devido tempo e não frustrará nossa paciente expectativa. A luz desta passagem e de outras semelhantes, os hereges tiram argumento em defesa de sua doutrina de que a justificação e a salvação dependem das boas obras. Já expus, porém, a falácia de seu raciocínio. Aqui não se faz menção por mais que lancem mão desta expressão como equivalente a uma afirmação de que Deus galardoa os homens com base nos méritos. É com um desígnio muito diferente, e não para encorajar tal opinião, que o Espírito promete galardoar nossas obras, ou seja: para animar-nos nas veredas da obediência, e não para inflamar aquela ímpia autoconfiança que corta a salvação pelas próprias raízes.

Segundo o juízo que Deus forma das obras do crente, sua dignidade e valor dependem primeiro do perdão gratuito a ele estendido como pecador, e mediante o qual ele é reconciliado com Deus; seus préstimos, não obstante todas as suas imperfeições. Sabemos não haver nenhuma de nossas obras que, à vista de Deus, seja considerada perfeita ou pura e sem qualquer mácula de pecado. Qualquer recompensa que porventura recebam, deve, pois, ser atribuída à benevolência divina. Visto que as Escrituras prometem um galardão aos santos, com a única intenção de estimular suas mentes e encorajá-los no divino combate, e não com o mais remoto desígnio de detrair algo da misericórdia divina, é absurdo que os hereges aleguem que eles, em algum sentido, merecem o que lhes é concedido. No que respeita aos ímpios, ninguém disputará que o castigo que lhes é retribuído, como violadores da lei, é estritamente merecido.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
*Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário