"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



sexta-feira, 9 de agosto de 2024

“SOU GRATO PARA COM AQUELE QUE ME FORTALECEU”


“SOU GRATO PARA COM AQUELE QUE ME FORTALECEU”

“Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério” (1Tm 1.12).

Sublime é a dignidade do apostolado que Paulo havia reivindicado para si, e, recordando de sua vida pregressa, não poderia de forma alguma considerar-se digno de tão sublime honra. Portanto, para evitar de ser acusado de presunção, ele tem que referir-se a si mesmo, confessando sua indignidade e ainda afirmando ser apóstolo pela graça de Deus. De fato, ele avança ainda mais e se volta para as circunstâncias que pareciam depor contra sua autoridade para o seu bem, declarando que a graça de Deus brilha nele ainda com mais fulgor. Ao render graças a Cristo, ele remove a objeção que poderia ser assacada contra ele, sem deixar-lhe qualquer chance de formular a pergunta se ele era ou não digno de um ofício tão honroso, pois ainda que em si mesmo não possuísse excelência de espécie alguma, era suficiente o fato de que fora escolhido por Cristo. Há muitos que usam a mesma forma de palavras para fazer uma exibição de sua humildade, mas que em nenhum existe a humildade de Paulo, pois que sua intenção era não só gloriar-se ardentemente no Senhor, mas também desviar de si toda e qualquer vanglória. Mas, pelo quê ele está dando graças? É pelo fato de lhe haver concedido um lugar no ministério, e desse fato ele deduz que fora considerado fiel. Cristo não recebe pessoas indiscriminadamente, antes, porém, faz seleção daqueles que são apropriados, e assim reconhecemos como dignos todos aqueles a quem ele honra. Não é incompatível com isso o fato de Judas, segundo a profecia do Salmo 109.8, ser levantado por pouco tempo para em seguida celeremente cair. Por outro lado, com Paulo foi diferente, pois que obteve seu ofício com um propósito distinto e sob condições distintas, pois Cristo declarou [At 9.15] que ele haveria de ser “um vaso escolhido para ele”.

Ao falar assim, o apóstolo Paulo parece estar fazendo da fidelidade que antecipadamente demonstrara a causa do seu chamamento. Se tal fosse o caso, então sua gratidão seria hipócrita e absurda, pois então deveria seu apostolado, não tanto a Deus, mas a seus próprios méritos. Não concordo que sua intenção fosse que ele fora escolhido para a obra apostólica em razão de sua fé ter sido conhecida de antemão por Deus, porquanto Cristo não poderia ter previsto nele nada de bom exceto aquilo que o próprio Pai lhe concedera. E assim permanece sempre verdadeiro que “Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vos outros e vos designei para que vades e deis fruto” [Jo 15.16]. Mas a intenção de Paulo é completamente diferente: para ele, o fato de Cristo fazer dele um apóstolo fornecia prova de sua fidelidade. Ele afirma: os que Cristo toma para ser apóstolo têm que confessar que foram declarados fiéis pelo decreto de Cristo. Este veredicto não repousa sobre a presciência, e, sim, sobre um testemunho dirigido aos homens, como se ele dissesse: “Dou graças a Cristo que me chamou para este ministério, e assim publicamente declarou que sancionava minha fidelidade”.

Paulo agora se volta para outras bênçãos de Cristo, e diz que ele o fortaleceu ou o capacitou. Com isso ele quer dizer não só que no princípio fora formado pela mão divina, de uma forma tal que ficou perfeitamente qualificado para o seu ofício, mas inclui também a concessão contínua de graças. Porquanto não teria sido suficiente que uma só ocasião houvera sido declarado fiel, caso Cristo não o fortalecesse com a constante comunicação de seu socorro. Portanto, ele diz que é pela graça de Cristo que fora inicialmente levantado para o apostolado e por que agora continua nele.

Deus nossa bençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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