"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



sexta-feira, 30 de agosto de 2024

“EM TI, SENHOR, ME REFUGIO”


“EM TI, SENHOR, ME REFUGIO”

“Em ti SENHOR, me refugio; não seja eu jamais envergonhado; livra-me por tua justiça” (Sl 31.1).

Logo de início Davi nos diz que tipo de oração ofereceu em sua agonia e aperto; e sua linguagem transmite afeto da mais ardente natureza. Ele a usa como base da esperança que depositava no Senhor ou que continuava a confiar nele. Ele mantém como um princípio, o fato de que a esperança que depende de Deus não é possível ser frustrada. Entrementes, vemos como ele nada apresenta que não seja unicamente pela fé, profetizando seu livramento só porque está persuadido de que seria salvo pelo socorro e favor de Deus. Como, porém, esta doutrina já foi explanada, e ainda ocorrerá com alguma frequência, presentemente será suficiente um relanceio sobre ela. Oh! se todos nós, na prática, ao aproximarmo-nos de Deus, fôssemos capazes de declarar como Davi de que nossas orações procedem desta fonte, ou seja, da inabalável persuasão de que nossa segurança depende do poder de Deus. A partícula indicativa, jamais ou para sempre, pode ser explicada de duas formas. Como Deus às vezes subtrai seu favor, o significado não pode impropriamente ser: Embora no momento me veja privado de teu socorro, todavia não me expulsaste definitivamente, ou para sempre. E assim Davi, desejando munir-se de paciência contra suas provações, traça um contraste entre dois fatos: viver em aflição por algum tempo e permanecer nesse estado de confusão. Mas se alguém preferir entender as palavras de Davi neste sentido: “Sejam quais forem as aflições que me sobrevenham, esteja Deus disposto a socorrer-me e de vez em quando estender-me sua mão, segundo a situação o requeira”, eu não rejeitaria tal significado como inferior ao outro. Davi deseja ser entregue à justiça divina, visto que Deus manifesta sua justiça, pondo em ação sua promessa feita a seus servos. É um raciocínio por demais refinado asseverar que Davi, aqui, recorre à justiça que Deus graciosamente comunica a seu povo, visto que sua justiça pessoal, com base nas obras, é de nenhum valor. Ainda mais fora de propósito é a opinião daqueles que concluem que Deus preserva os santos de conformidade com a justiça deles; equivale dizer, uma vez tendo eles agido de forma tão meritória, a justiça requer que recebam seu galardão. É fácil de se perceber, à luz do frequente uso do termo nos Salmos, que a justiça de Deus significa sua fidelidade, no exercício da qual ele defende todo aquele que se entrega à sua guarda e proteção. Davi, pois, confirma sua esperança com base na natureza de Deus, que não pode negar-se a si mesmo e que perenemente continua sendo ele mesmo.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
*Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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