“EM DEUS ESTÁ MINHA SALVAÇÃO”
“Em Deus está
minha salvação e minha glória; a rocha de minha força e minha esperança estão
em Deus” (Sl 62.7).
Vemos aqui, Davi ajuntando uma expressão sobre a outra; e isso, aparentemente, se
deve ao fato de que ele desejava refrear aquela enfermidade da disposição que
nos faz por demais propensos a deslizar-nos para o exercício do erro. Podemos
rejeitar o reconhecimento passageiro e ocasional de que nosso auxílio só se
encontra em Deus, e ainda abruptamente exibir nossa falta de confiança nele,
ocupando-nos, em todas as direções, em suplementar o que consideramos defectivo
no auxílio divino. Os diversos termos que ele emprega para expressar a suficiência
de Deus como libertador podem, neste caso, considerar-se como tantos argumentos
para a constância ou os muitos freios que ele aplicaria aos caprichos do coração
carnal, sempre disposto a depender do apoio de outros, e não de Deus. Tal é a
forma que ele usa para animar seu próprio espírito; e em seguida o encontramos dirigindo-se
a outros [v.8], convocando-os a enfrentar os mesmos conflitos e a cumular a mesma vitória
e triunfo. Pelo termo povo parece não haver dúvida que ele tem em mente os judeus. Os
gentios, não havendo sido ainda visitados pela verdadeira religião e pela
divina revelação, Deus só poderia ser o objeto de confiança e invocação
religiosa na Judéia; e tudo indica que, ao distinguir o povo escolhido do
Senhor dos pagãos circunvizinhos, ele insinua quão desditoso seria se não se
devotassem inteiramente a Deus, sendo eles, como de fato eram, os filhos de
Abraão, favorecidos com a experiência de sua graça, especialmente tomados sob
sua divina proteção.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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