"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



domingo, 25 de agosto de 2024

“DEUS É NOSSA ESPERANÇA”


DEUS É NOSSA ESPERANÇA

“Esperai nele em todo tempo; derramai, ó povo, vosso coração diante dele; Deus é nossa esperança.” (Sl 62.8).

A expressão, em todo tempo, significa tanto prosperidade quanto adversidade, notificando a culpabilidade daqueles que vacilavam e sucumbiam sob a própria variação em suas circunstâncias externas. Deus prova seus filhos com aflições; aqui, porém, são ensinados por Davi a resisti-las com perseverança e coragem. Os hipócritas, que são espalhafatosos em seus louvores a Deus enquanto a prosperidade brilha sobre suas cabeças, ainda que seus corações desmaiem ante a primeira aparição de provas, desonram seu nome pondo injuriosa limitação a seu poder. Somos obrigados a dar honra a seu nome, lembrando, em nossas mais extremas aflições, que a ele pertencem as consequências da morte. E visto que todos nós somos por demais dispostos, em tais ocasiões, a ordenar silêncio às nossas aflições em nosso próprio peito - circunstância esta que só pode agravar ainda mais a angústia e amargura mental contra Deus -, Davi não poderia sugerir melhor expediente do que o de depor diante dele nossas preocupações, e assim derramar nossos corações diante dele. É sempre experimentado que, enquanto o coração sentir-se premido pelo fardo da angústia, não haverá liberdade na oração. Sob as circunstâncias penosas, devemos buscar conforto na ponderação de que Deus nos proverá lenitivo, contanto que espontaneamente deponhamos tudo diante dele. A advertência do salmista é em extremo necessária, considerando a prejudicial tendência que inerentemente nutrimos em manter nossas dificuldades encerradas em nosso íntimo até que nos levem ao desespero. Comumente, o fato é que os homens se mostram ansiosos e engenhosos em buscar a via de escape para os problemas quando estes passam a pressioná-los; mas enquanto evitarem chegar à presença de Deus, outra coisa não farão senão envolver-se cada vez mais num labirinto de dificuldades. Para não insistir mais sobre palavras, Davi precisa ser aqui entendido como a expor esse princípio mórbido, porém profundamente arraigado em nossa natureza, o qual nos leva a ocultar e a ruminar nossas tristezas, em vez de aliviarmo-nos de vez derramando nossas queixosas orações diante de Deus. A consequência é que somos perturbados mais e mais com nossos infortúnios e nos imergimos num estado de angustiante desesperança. No término do versículo, Davi diz, em referência ao povo em geral, o que havia dito de si mesmo como indivíduo, que sua segurança só poderia ser encontrada na divina proteção.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
*Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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