“A PALAVRA DE SALVAÇÃO” - Parte 4
“E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino.
E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc
23.42,43).
4. Vemos aqui um maravilhoso caso de iluminação espiritual.
É
perfeitamente maravilhoso o progresso feito por esse homem naquelas poucas
horas de agonia. Seu crescimento na graça e no conhecimento de seu Senhor foi espetacular.
Do breve registro das palavras que saíram de seus lábios podemos descobrir sete
coisas as quais ele havia aprendido sob a instrução do Espírito Santo.
Primeiro, ele
expressa sua crença em uma vida futura onde a retribuição seria
dada por um Deus justo e que vinga o pecado. Prova-o a frase “Tu nem ainda
temes a Deus”. Ele passa uma severa reprimenda em seu companheiro, como quem
diz, Como ousa você ter a temeridade de insultar a esse homem inocente?
Lembre-se de que brevemente você terá de aparecer diante de Deus e encarar um
tribunal infinitamente mais solene do que aquele que o sentenciou para ser
crucificado. Deus é para ser temido, portanto, fique quieto.
Segundo, como
tenho visto, ele viu sua própria pecaminosidade — “Tu... [não estás] na mesma
condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os
nossos feitos mereciam” (Lc 23.40,41). Ele reconheceu que era um transgressor.
Ele viu que o pecado merecia punição, que a “condenação” era justa. Ele admitiu
que a morte era o que ele merecia. Isso foi algo que seu companheiro não
confessou nem reconheceu.
Terceiro, ele
testemunhou da impecabilidade de Cristo — “este nenhum mal fez” (Lc 23.41).
E aqui podemos observar que Deus se deu ao trabalho de preservar o caráter imaculado
de seu Filho. Isso é especialmente visto perto do fim. Judas foi levado a dizer,
“[Traí] o sangue inocente”. Pilatos testificou, “nenhum crime acho
nele”. A esposa desse disse: “Não entres na questão desse justo”. E agora que
ele pendia na cruz, Deus abre os olhos desse assaltante para ver a perfeição de
seu Filho amado, e abre seus lábios para que ele testemunhe de sua excelência.
Quarto, ele
não apenas testemunhou da humanidade impecável de Cristo, mas também confessou
sua Divindade — “Senhor, lembra-te de mim”, disse. Maravilhosa
palavra, essa. O Salvador pregado ao madeiro, o objeto da aversão dos judeus e
alvo de zombaria do populacho ordinário. Esse ladrão ouvira o insolente desafio
dos sacerdotes: “Se és Filho de Deus, desce da cruz”, e resposta alguma fora
dada. Mas, movido por fé e não por vista, 40 reconhece e confessa a deidade do
sofredor que estava ao centro.
Quinto, ele
creu na condição de salvador do Senhor Jesus. Tinha ouvido a oração de Cristo
por seus inimigos, “Pai, perdoa-lhes...” e àquele cujo coração o Senhor tinha aberto,
essa curta frase tornou-se um sermão de salvação. Seu próprio clamor, “Senhor, lembra-te
de mim”, trazia dentro de si seu escopo, “Senhor, salva-me”, o que, por conseguinte,
faz supor sua fé no Senhor Jesus como Salvador. Na verdade, ele deve ter crido
que Jesus era um Salvador para o principal dos pecadores ou então, como poderia
ter crido que Cristo lembrar-se-ia de alguém tal como ele!
Sexto, ele demonstrou sua fé no reinado de Cristo — “quando entrares no teu reino”. Isso também foi uma palavra maravilhosa. As circunstâncias externas todas pareciam desmentir seu reinado. Em vez de estar sentado num trono, ele estava pendurado numa cruz. Em vez de estar usando um diadema real, sua fronte estava rodeada de espinhos. Em vez de estar acompanhado por um séqüito de servos, ele estava contado com os transgressores. Entretanto, ele era rei — Rei dos Judeus (Mt 2.2).
Finalmente, ele
ansiou pela segunda vinda de Cristo — “quando entrares”. Ele olhou para
longe do presente e para o futuro. Ele viu além dos “sofrimentos”, a “glória”. Sobre
a cruz o olho da fé detectou a coroa. E nisso ele se antecipou aos apóstolos,
pois a incredulidade fechara os olhos deles. Sim, ele olhou para além do
primeiro advento em vergonha para o segundo, em poder e majestade.
E como podemos
explicar a inteligência espiritual desse ladrão agonizante? Onde ele recebeu
tal insight das coisas de Cristo? Como foi que esse bebê em Cristo fez
tão estupendo progresso na escola de Deus? Somente pode ser explicado
pela influência divina. O Espírito Santo foi seu professor! A carne e o sangue
não lhe haviam revelado tais coisas mas o Pai no céu. Que ilustração de que as
coisas divinas estão escondidas “dos sábios e entendidos” e reveladas aos
“pequeninos”!
Deus nos abençoe!
Arthur W. Pink (1886-1952).
*Faça-nos uma oferta (Pix 083.620.762-91).
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