"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



segunda-feira, 14 de abril de 2025

“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 7


“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 7

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

7. Aqui vemos o triunfo do amor redentor.

Note atentamente a palavra com a qual nosso texto começa. “Então”. O versículo que imediatamente o precede é lido assim: “E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram e aos malfeitores, um, à direita, e outro, à esquerda”. Então, disse Jesus, Pai, perdoa-lhes. “Então” – quando o homem tinha feito o seu pior. “Então” – quando a vileza do coração humano foi demonstrada em maldade diabólica e climatérica. “Então” – quando com mãos ímpias a criatura ousou crucificar o Senhor da glória. Ele poderia ter expressado maldições terríveis sobre eles. Ele poderia ter lançado os raios da justa ira e os matado. Ele poderia ter feito a terra abrir a sua boca, de forma que eles caíssem vivos no abismo. Mas não. Embora sujeito à vergonha indizível, embora sofrendo dor excruciante, embora desprezado, rejeitado, odiado; todavia, ele clamou: “Pai, perdoa-lhes”. Esse era o triunfo do amor redentor. “O amor é paciente, é benigno... tudo sofre... tudo suporta” (1Co 13). Assim foi demonstrado na cruz.

Quando Sansão chegou na hora da sua morte, ele usou a grande força do seu corpo para abarcar a destruição de seus antagonistas; mas aquele que era perfeito exibiu a força de seu amor orando pelo perdão dos seus inimigos. Graça inigualável! “Inigualável”, dizemos, pois nem mesmo Estevão conseguiu seguir plenamente o exemplo bendito dado pelo Salvador. Se o leitor se voltar para Atos 7, descobrirá que o primeiro pensamento de Estevão foi sobre si mesmo, e depois foi que orou pelos seus inimigos – “E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.59,60). Mas com Cristo a ordem foi inversa: ele orou primeiro pelos seus adversários, e no final por si mesmo. Em todas as coisas ele tem a preeminência.

E agora, concluindo com uma palavra de aplicação e exortação. Se esse capítulo estiver sendo lido por uma pessoa não-salva, pedir-lhe-emos seriamente ponderar bem a próxima sentença – Quão terrível deve ser se opor a Cristo e à sua verdade conscientemente! Aqueles que crucificaram o Salvador não sabiam o que estavam fazendo. Mas, meu leitor, há um sentido muito real e solene no qual isso é verdade com respeito a você também. Você sabe que deve receber a Cristo como seu Salvador, que deve coroá-lo como Senhor de sua vida, que deve tornar a sua primeira e última preocupação agradá-lo e glorificá-lo. Fique então avisado; seu perigo é grande. Se você deliberadamente dá as costas a ele, dá as costas ao único que pode salvá-lo dos seus pecados, e está escrito: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários” (Hb 10.26,27).

Resta-nos apenas adicionar uma palavra sobre a bendita inteireza do perdão divino. Muitos dentre o povo de Deus ficam intranquilos e perturbados sobre esse ponto. Eles entendem como é que todos os pecados que cometeram antes de receberem a Cristo como seu Salvador foram perdoados, mas amiúde não estão livres de dúvidas com respeito aos pecados que cometem após terem nascido de novo. Muitos supõem que é possível para eles pecar de uma forma que lhes coloque além do perdão que Deus lhes concedeu. Supõem que o sangue de Cristo trata somente com o passado deles, e que até onde diz respeito ao presente e ao futuro, eles tem que se cuidar por si mesmos. Mas de que valor seria um perdão que pode ser tirado de mim a qualquer momento? Certamente não pode haver nenhuma paz estabelecida quando minha aceitação para com Deus e a minha ida ao céu é feita dependente do meu agarrar-se a Cristo, ou da minha obediência e fidelidade.

Bendito seja Deus, o perdão que ele concede cobre todos os pecados – passados, presentes e futuros. Amigo crente, Cristo não carregou os “seus” pecados em seu próprio corpo no madeiro? E os seus pecados não eram todos futuros, quando ele morreu? Certamente, pois naquele tempo você não tinha nascido, e não tinha cometido nenhum pecado sequer. Muito bem então: Cristo verdadeiramente levou os seus pecados “futuros” tanto quanto os seus pecados passados. O que a palavra de Deus ensina é que a alma incrédula é tirada do lugar sem perdão para onde esse está ligado. Os cristãos são um povo perdoado. Diz o Espírito Santo: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado” (Rm 4.8). O crente está em Cristo, e ali o pecado nunca nos será imputado novamente. Esse é o nosso lugar ou posição diante de Deus. Em Cristo é onde ele nos contempla. E porque estou em Cristo, estou completa e eternamente perdoado; tão perdoado que o pecado nunca será mais será posto sobre mim como acusação no que toca à minha salvação, mesmo que eu permanecesse na terra por mais cem anos. Eu estou fora do alcance para sempre. Ouça o testemunho da escritura: “E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, (Deus) vos vivificou juntamente com ele (Cristo), perdoando-vos todas as ofensas” (Cl 2.13). Observe as duas coisas que são aqui unidas (e o que Deus ajuntou, não o separe o homem!) – minha união com um Cristo ressurreto é conectada com o meu perdão! Se então minha vida está “oculta com Cristo em Deus” (Cl 3.3), então eu estou fora para sempre do lugar onde a imputação do pecado é aplicada. Por conseguinte, está escrito: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1) – como poderia existir, se “todas as ofensas” foram perdoadas? Ninguém pode lançar nenhuma acusação contra os eleitos de Deus (Rm 8.33).

Leitor cristão, junte-se ao escritor em louvor a Deus, pois nós somos eternamente perdoados de tudo.

*Deveria ser adicionado, à guisa de explicação, que é o aspecto judicial que temos tratado aqui. O perdão restaurador – que é o trazer de volta, novamente à comunhão, um crente que pecou – tratado em 1João 1.9 – é outra questão totalmente distinta.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

*Faça-nos uma oferta (Pix 083.620.762-91).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

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