"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quarta-feira, 30 de abril de 2025

“A PALAVRA DE VITÓRIA”


“A PALAVRA DE VITÓRIA”

“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado” (Jo 19.30).

Nossos dois últimos estudos se ocuparam com a tragédia da cruz; porém, voltamo-nos agora para o seu triunfo. Nestas palavras, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” ouvimos o brado de desolação do Salvador; em “Tenho sede”, escutamos seu clamor de lamentação; agora, chega aos nossos ouvidos seu brado de júbilo — “Está consumado”. Das palavras da vítima voltamo-nos agora às palavras do conquistador. Um provérbio diz que toda nuvem tem seu interior prateado: deu-se assim com a mais escura de todas as nuvens. A cruz de Cristo tem dois grandes lados: ela mostrou a grande profundidade de sua humilhação, mas também assinalou o objetivo da Encarnação, e mais, falou da consumação de sua missão, e forma ela a base de nossa salvação.

“Está consumado”. Os antigos gregos orgulhavam-se de serem capazes de dizer muita coisa falando pouco — “dar um mar de assunto em uma gota de linguagem” era tido como a perfeição em oratória. O que eles buscavam é encontrado aqui. “Está consumado”, no original, é apenas uma palavra, todavia, nessa palavra está contido o evangelho de Deus; nessa palavra está contido o fundamento da segurança do crente; nessa palavra é descoberta a essência de todo gozo, bem como o próprio espírito de toda consolação divina.

“Está consumado”. Isso não foi o grito de desespero de um mártir desamparado; não foi uma expressão de satisfação pelo término de seus sofrimentos haver então chegado; não foi o último suspiro de uma vida que se findava. Não, antes foi a declaração da parte do divino Redentor de que tudo pelo qual ele viera do céu à terra para fazer, estava agora feito; que tudo que era necessário para revelar o completo caráter de Deus agora se tinha concluído; que tudo que era requerido pela lei antes que os pecadores pudessem ser salvos tinha agora sido realizado: que o preço da nossa escravidão foi pago para a nossa redenção.

“Está consumado”. O grande propósito divino na história do homem era agora efetuado — efetuado de jure tanto quanto ainda o será de facto. Desde o princípio, a intenção de Deus foi sempre uma e indivisível. Foi declarada aos homens de várias maneiras: em símbolo e tipo, por misteriosos sinais e por claras sugestões, mediante predição messiânica e mediante declaração didática. Esse seu propósito pode ser assim resumido: mostrar sua graça e engrandecer seu Filho criando filhos a sua própria imagem e glória. E na cruz o fundamento que foi posto era para que isso se tornasse possível e real.

“Está consumado”. O que está consumado? A resposta a tal questão é uma resposta mui abundante de significado, ainda que vários excelentes expositores procurem limitar o escopo de tais palavras e confiná-las estritamente a uma única aplicação. É-nos dito que foram consumadas as profecias que diziam respeito aos sofrimentos do Salvador, e que ele se referia apenas a isso. Admite-se de pronto que a referência imediata era às predições messiânicas, todavia, pensamos que há razões boas e suficientes para não confinar as palavras de nosso Senhor a elas. Sim, para nós parece certo que Cristo se referia especialmente à sua obra sacrificial, pois toda escritura acerca de seu sofrimento e vergonha não estava cumprida. Ainda restava entregar seu espírito nas mãos do Pai (Sl 31.5); ainda restava o “traspassar” com a lança (Zc 12.10: e repare que a palavra utilizada para o traspassar de suas mãos e pés — o ato de crucificação — no Sl 22.16 é diferente); ainda restava serem seus ossos preservados sem quebra (Sl 34.20), e o enterro no sepulcro do homem rico (Is 53.9).

“Está consumado”. O que estava consumado? Respondemos, sua obra sacrificial. É verdade que havia ainda o ato da própria morte, que era necessária para fazer a expiação. Porém, como se dá frequentemente no Evangelho de João — onde se encontra nosso texto — (cf. Jo 12.23,31; 13.31; 16.5; 17.4), o Senhor fala aqui antecipadamente da conclusão de sua obra. Além disso, deve ser lembrado que as três horas de trevas já haviam passado, o terrível cálice já havia sido sorvido até à última gota, seu precioso sangue já tinha sido vertido, a ira divina derramada já havia sido suportada; e esses são os principais elementos para se fazer a propiciação. A obra sacrificial do Salvador, então, estava completada, com exceção apenas do ato de morte que se seguiu imediatamente.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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