“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 5
“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc
23.34).
5. Aqui vemos uma exemplificação amorosa do seu próprio ensino.
No Sermão do
Monte nosso Senhor ensinou aos seus discípulos: “Amai a vossos inimigos,
bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos
que vos maltratam e vos perseguem” (Mt 5.44). Acima de todos os outros,
Cristo praticou o que ele pregou. A graça e a verdade vieram através de
Jesus Cristo. Ele não somente ensinou a verdade, mas ele mesmo era a verdade
encarnada. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6). Assim,
aqui sobre a cruz ele exemplificou perfeitamente seu ensino do monte. Em todas
as coisas ele nos deixou um exemplo.
Observe que
Cristo não perdoou pessoalmente seus inimigos. Assim, em Mt 5.44 ele não
exortou seus discípulos a perdoarem seus inimigos, mas os exortou a “orar” por eles.
Mas nós não devemos perdoar aqueles que nos maltratam? Isso nos leva a
um ponto com respeito ao qual é necessária muita instrução hoje em dia.
A escritura
ensina que sob todas as circunstâncias devemos perdoar sempre? Eu respondo
enfaticamente: não, ela não ensina. A palavra de Deus diz: “Se teu irmão pecar
contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe; e, se pecar
contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me,
perdoa-lhe” (Lc 17.3,4). Aqui somos claramente ensinados que uma condição deve
ser satisfeita pelo ofensor antes que possamos pronunciar o perdão.
Aquele que nos ofendeu deve primeiramente “se arrepender”, isto é, julgar a si
mesmo por seu erro e dar evidência de sua tristeza por causa dele. Mas, suponha
que o ofensor não se arrependa? Então eu não preciso perdoá-lo.
Mas que não
haja má compreensão do que queremos dizer aqui. Mesmo que alguém que nos
ofendeu não se arrependa, todavia, eu não devo abrigar sentimentos ruins contra
ele. Não deve haver nenhum ódio ou malícia cultivada no coração. Todavia, por
outro lado, eu não devo tratar o ofensor como se ele não tivesse cometido
nenhum erro. Isso seria fechar os olhos à ofensa, e, portanto, eu estaria falhando
em manter as exigências da justiça, e isso é o que o crente deve fazer sempre. Deus
alguma vez perdoa onde não há arrependimento? Não, pois a escritura
declara: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Mais
uma coisa. Se alguém me prejudicar e não se arrepender, embora eu não possa lhe
perdoar e tratá-lo como se ele não tivesse me ofendido, todavia, eu não apenas
não devo abrigar nenhuma malícia em meu coração contra ele, mas devo também orar
por ele. Aqui está o valor do exemplo perfeito de Cristo. Se não podemos
perdoar, podemos orar a Deus para perdoá-lo.
Deus nos abençoe!
Arthur W. Pink (1886-1952).
*Faça-nos uma oferta (Pix 083.620.762-91).
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