“A SUBMISSÃO DO SALVADOR À VONTADE DO PAI”
“Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a
Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede” (Jo 19.28).
“TENHO SEDE”
2. Vemos aqui a submissão do Salvador à vontade do Pai.
O Salvador estava com sede, e aquele que tinha tal sede, lembremos,
possuía todo o poder no céu e na terra. Houvesse ele escolhido exercitar sua
onipotência, poderia prontamente ter satisfeita a sua necessidade. Aquele que
outrora fizera a água fluir da rocha ferida para saciar Israel no deserto,
tinha os mesmos recursos infinitos à sua disposição agora. Aquele que tornara a
água em vinho com uma palavra, poderia ter dito a palavra de poder aqui, e
satisfazer a sua necessidade. Mas ele, em nenhuma vez, operou um milagre para
seu próprio benefício ou conforto. Quando tentado por Satanás para assim agir,
recusou. Por que agora ele declina de atender a sua premente necessidade? Por
que pendia na cruz com os lábios ressecados? Porque no princípio do livro que
expressava a vontade divina, estava escrito que ele devia ter
sede, e que, sedento, devia lhe ser “dado” vinagre para beber. E ele aqui veio
para fazer aquela vontade e, por isso, se submete.
Na morte, como na vida, a escritura foi para o Senhor Jesus a palavra
autorizada do Deus vivo. Na tentação, recusara-se a ministrar à sua necessidade
à parte daquela palavra pela qual ele vivia e assim, agora, ele faz conhecida
sua necessidade, não para que se pudesse ministrar a ela, mas para que
a escritura pudesse ser cumprida. Note que ele mesmo não a cumpriu, a
Deus pode ser confiado que cuide disso; mas ele dá expressão à sua angústia de
modo a fornecer ocasião para o seu cumprimento. Como alguém disse: “A terrível
sede da crucificação está sobre ele, mas que não é suficiente para forçar seus
lábios ressecados para falar; mas está escrito: Na minha sede me deram a beber
vinagre — isso abre os seus lábios” (F.W.Grant). Aqui, então, como sempre, ele
mostra a si mesmo em ativa obediência à vontade de Deus, a qual ele veio para
executar. Ele simplesmente diz, “Tenho sede”; o vinagre é oferecido, e a
profecia é cumprida. Que perfeita absorção na vontade do Pai!
Novamente damos uma pausa para a aplicação a nós mesmos — uma aplicação
dupla. Primeiro, o Senhor Jesus se deleitava na vontade do Pai mesmo quando
envolvia o sofrimento da sede. Nós fazemos esse tipo de renúncia para ele?
Temos nós buscado graça para dizer: “Não se faça a minha vontade, mas a tua”?
Podemos nós exclamar, “Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”? Temos nós aprendido em
qualquer estado que seja a “viver contente”? (Fp 4.11).
Mas agora, observe um contraste. Ao Filho de Deus foi negado um copo de
água fria para aliviar seu sofrimento — quão diferente conosco! Deus nos tem
dado uma variedade de alívios para nós, todavia, quão frequentemente somos
mal-agradecidos! Temos coisas melhores para nos deliciar do que um copo d’água
quando estamos sedentos, entretanto, amiúde não somos gratos. Ó, se esse brado
de Cristo fosse com mais credulamente considerado, levar-nos-ia a bendizer a
Deus pelo que nós agora quase desprezamos, e geraria contentamento em nós pela
mais comum das misericórdias. O Senhor da glória clamou, “Tenho sede” e nada
teve à sua volta para confortá-lo, e tu, que tens mil vezes perdido todo
direito às misericórdias tanto temporais quanto espirituais, menosprezas as
bondades comuns da providência! Quê! murmuras de um copo de água, tu que
mereces senão um copo de ira. Ó, ponha isso no coração e aprenda a se contentar
com o que tens, ainda que seja mesmo as necessidades mais simples da vida. Não
se queixe se você mora apenas em uma humilde cabana, pois seu Salvador não
tinha onde reclinar a cabeça! Não se queixe se você não tem nada senão pão para
comer, pois a seu Salvador faltou isso por quarenta dias! Não se queixe se você
tem apenas água para beber, pois a seu Salvador ela foi negada até na hora da
morte!
Deus nos abençoe!
Arthur W. Pink (1886-1952).
*Faça-nos uma oferta (Pix 083.620.762-91).
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